Muitos gerentes de laboratórios ou mesmo gerentes de TI, ficam em dúvida no momento de decidir entre o licenciamento de um pacote de software configurável ou o desenvolvimento de um software personalizado.
Mas quais as diferenças, prós e contras entre softwares configuráveis e softwares personalizáveis?
Softwares configuráveis – Pacotes
Um software configurável é aquele que não tem seu código fonte alterado para determinado aplicação. Em outras palavras, não tem sua estrutura, regras, lógicas, visual, etc. alteradas para atender as necessidades de determinado cliente ou aplicação.
Normalmente possui diversas configurações que permitem ao cliente definir como o software se apresentará, quais serão os campos utilizados, se determinadas regras serão seguidas ou não, quais serão os campos a serem registrados e, em alguns casos, como será a aparência das suas interfaces.
Obviamente as possibilidades de alterações serão limitadas as opções de configuração pré-definidas no sistema, limitando assim sua possibilidade de atender qualquer demanda ou mesmo demandando de algum ajuste no processo de trabalho. Por outro lado, evita o desenvolvimento e o risco de personalizações demoradas, caras e, em alguns casos, a dificuldade de manter ou atualizar ao longo do tempo.
Além disso, com o avanço dos recursos dos sistemas, cada vez mais os pacotes de software são muito mais flexíveis e têm centenas ou milhares de configurações para atender muito bem a maioria dos laboratórios sem a necessidade de personalizações atuais ou futuras. Na maioria das vezes sem a necessidade do envolvimento da equipe de TI da empresa ou da empresa fornecedora e, consequentemente, sem custos adicionais.
Outro ponto importante a ser frisado é que os pacotes de software evoluem de forma independente adequando-se a novas demandas legais ou do mercado, agregando novas facilidades e funcionalidades muitas vezes sugeridas pelos próprios clientes, formando assim uma espécie de cadeia que trabalha na melhoria contínua do produto, pelo simples motivo que o pacote precisa competir no mercado, conquistar novos clientes e manter seus atuais clientes.
Softwares personalizáveis – Desenvolvimento
Um software personalizável, ou “customizado”, do inglês “custom”, é um software desenvolvido ou alterado sob medida para determinada aplicação, isto é, têm suas telas, campos, regras, etc. determinados pelas necessidades específicas da aplicação e dos usuários, permitindo assim, no melhor dos casos, o atendimento de qualquer particularidade do cliente.
Torna-se única opção quando não existem no mercado pacotes que possam atender a maioria das necessidades da empresa, e uma opção interessante quando o negócio possui muitas especificidades que demandariam que muitos processos da empresa ficassem descobertos ou que fossem alterados de forma não desejada para adequar-se ao pacote, ou ainda em casos muito especiais onde a cultura da empresa demanda desta abordagem.
O software resultante, normalmente não é flexível para atendimento de novas ou futuras adequações, e sempre demanda do envolvimento da empresa fornecedora ou do profissional de desenvolvimento e, consequentemente, de tempo e de custos para adequá-lo a novas demandas do laboratório.
Este tipo de abordagem requer, além do investimento financeiro para o desenvolvimento em si, de um grande investimento de tempo da equipe do laboratório para a transferência de conhecimento aos analistas, arquitetos de software e programadores, para que estes possam entender adequadamente as necessidades e especificidades dos processos do laboratório e assim desenvolver o software.
É importante também, investir ao projeto o tempo de um gestor experiente para que controle expectativas, resolva conflitos, alinhe interesses dos diversos envolvidos e separe desejos de necessidades. Além disso, é fundamental o gerenciamento de tarefas envolvidas que, a primeira vista, podem não parecer desafiadoras, mas que na prática e na maioria dos casos requer um gestor experiente. Profissional que, não por acaso, está em alta no mercado, haja vista que segundo o Gartner, empresa líder em pesquisa na área de TI, 70% dos projetos falham no cumprimento de cronograma, custos e metas de qualidade e 50% são executados acima do orçamento. Outros números ainda mais preocupantes indicam que 24% dos projetos são cancelados ou não são utilizados pela empresa.
Isso sem falar na qualidade final do software desenvolvido, tema em evidência atualmente. Afinal, como garantir as melhores práticas e a qualidade quando o desenvolvimento não é “o ganha pão” da empresa?
De acordo com artigo publicado na ComputerWorld, a falta de metodologia tem deixado as áreas de TI em apuros, veja abaixo:
Falta de metodologia tem deixado a área de TI em apuros
(Recomendo a leitura do artigo “Desenvolvimento interno: combinando softwares e qualidade”).
Realidade do mercado atualmente
Obviamente existem profissionais que tendem para esta ou aquela abordagem em função de suas experiências, conhecimentos e posição na cadeia de fornecimento, mas o consenso geral mostra que o ideal é buscar pacotes de mercado que tenham boa aderência ao processo, minimizando assim a necessidade de personalizações.
Minha opinião e, obviamente questionável em virtude da minha posição na cadeia de fornecimento, é que os softwares padrão tendem a oferecer mais com muito mais chance de sucesso, mas isso depende do quão aderente determinado software é ao processo do cliente. Por isso, avalie bem suas opções e saia do lugar comum de ficar só na teoria, requisitos escritos e demonstrações. Promova um processo mais amplo e prático que além dos itens anteriores, priorize os testes práticos, faça provas de conceito, simule, enfim, certifique-se do nível de aderência na prática para maximizar suas chances de sucesso.
Bom trabalho!
Dados do Autor
Georgio Raphaelli
Diretor Executivo – Labsoft Tecnologia
sobre gestão laboratorial, controle de qualidade industrial, saneamento, tendências e tecnologia no seu e-mail.